o uso de animais na pesquisa científica

Outubro 19, 2013 § 13 comentários

Vira e mexe o tema vem à tona, geralmente por conta de alguma invasão de ativistas a laboratórios de pesquisa ou algo do tipo. Foi assim, por exemplo, em 2005. Está sendo assim desde este evento ocorrido ontem. De diferença significativa entre estes dois eventos está o boom das mídias sociais. Achismos sempre houve, mas até então mais restritos a papos em algumas mesas de bar. Agora estão espalhados pra todo lado via Twitter ou Facebook, e temas como este são verdadeiros rastilhos de pólvora. Pena que rastilho para achismos – superficialidades (pra dizer o mínimo) como Famosos comentaram nas redes sociais o ato de ativistas que invadiram o laboratório do instituto Royal – e não para um debate sério e aprofundado sobre o tema. Pena que não para levantar informação de fato que possa fundamentar esse debate.

É óbvio que maus tratos devem ser proibidos e punidos. Também não dá para negar que foi graças a alguns movimentos sociais (bem antes da era das petições online, em que não se gasta “nem 3 minutinhos, gente!”) que esta mentalidade se tornou vigente, garantindo que o uso de animais em pesquisa científica seja regulamentado, controlado e restrito a determinadas situações (aqui um resuminho de como é a mais atual regulamentação no Brasil). Mas aplicar e defender isso é bem diferente de defender acabar com o uso de animais em pesquisa. Se você não enxerga essa diferença, deveria ler os links abaixo (o que, inevitavelmente, vai levar um pouco mais que três minutinhos). Agora, se você é do tipo que pensa que seria muito melhor trocar a pesquisa em animais como coelhos e gatos por pesquisa em presidiários, não tenho nada a lhe dizer (e menos ainda quero escutar algo de você; já bastam absurdos como este que li nas redes sociais).

Tagged: , , ,

§ 13 Responses to o uso de animais na pesquisa científica

  • Não é porque é padre que é santo, nem porque é médico que é sábio. Vejam por exemplo os “doutores” da medicina medieval: Além de cirurgiões, acumulavam as funções de dentistas e BARBEIROS. Como se sabe, naquela época a assepsia era desconhecida e por este motivo apenas 60% das pessoas que consultavam o dentista ou o cirurgião sobreviviam.

    • trnahas diz:

      Olá, Webster.
      Concordo com o “Não é porque é padre que é santo, nem porque é médico que é sábio”. Mas confesso que não entendi o ponto do restante de sua colocação…

      • O que quis dizer Tatiana, é que não é porque determinados métodos são aceitos no meio acadêmico, que os torna os melhores métodos.
        Não tenho visto muitas descobertas de curas para novas doenças. Portanto, suponho que esta profusão de “testes” seja para baratear os custos de fabricação de medicamentos contra doenças antigas em que já se conhece a cura.

        • trnahas diz:

          Webster, eu diria que não é porque determinados métodos são aceitos no meio acadêmico que são infalíveis. Mas na minha opinião, o fato de serem métodos acadêmicos os torna melhores sim.
          Sobre seu outro comentário, quanto a buscar a redução do sofrimento do ser em paralelo com a busca do conhecimento científico, não vejo oposição. O aprimoramento científico tem tudo a ver com buscar a redução do sofrimento do ser. É isso que se busca com vacinas, medicamentos, fisioterapias, psicoterapias etc etc etc. E não estou me referindo só para o ser humano não. Ou acaso muitas vidas de outros animais não são salvas por veterinários, fármacos e cia? A pesquisa científica não somente usa os modelos animais para entendimento e tratamento do ser humano. Usa-os também para entendimento e tratamento dos demais animais.
          Um abraço

      • Webster Moitinho diz:

        Quis dizer que, apesar de “doutores” admirados e respeitados, desconheciam a higiene mais elementar.

  • Webster Moitinho diz:

    Outra coisa que podemos observar é que ultimamente não se tem descoberto muitas curas para novas doenças, mas sim curas mais baratas para as mesmas doenças. Isto só demonstra no que a classe médica está se tornando. De anjos, salvadores, doadores da vida, para simples pulhas endinheirados que estão pouco se lixando para a saúde do paciente.

    O juramento de Hipócrates está se tornando um juramento de hipócritas, nas mãos de pessoas que se negam a ir para o sertão curar as pessoas mas fazem protestos fervorosos quando são importados profissionais com boa vontade.

    • trnahas diz:

      Sem dúvida há este comportamento a que você se refere, há muitos interesses das indústrias farmacêuticas e muitos médicos sucumbindo a eles. Só não estou certa do quanto podemos generalizar.
      Agora, independentemente disso, e supondo pesquisas idôneas para desenvolver medicamentos, vacinas etc idôneos, há uma etapa do processo de pesquisa que requer a pesquisa em outros animais antes do teste em humanos de fato. E é esse o ponto para o qual estou tentando chamar a atenção.

      • Webster Moitinho diz:

        Concordo com você. Há maus e bons profissionais em todas as profissões. Precisamos instruir e conscientizar nossos pesquisadores a usar as alternativas éticas de testes de medicamentos.

  • Mas esta é a única forma? Porque na busca pelo aprimoramento científico não podemos inclusive buscar a redução do sofrimento do ser, de qualquer espécie.

  • […] o uso de animais na pesquisa científica o uso de animais na pesquisa científica […]

  • Nuno diz:

    Partilho aqui o link para um post sobre este caso, num blog em português (do outro lado do Atlântico) de autores com uma ligação profissional ao mundo animal.

    Animalogos

  • […] O Uso de Animais em Testes Científicos: artigo altamente elucidativo, escrito por nossa convidada Tatiana Nahas em seu blog Ciência na Mídia. […]

  • […] O Uso de Animais em Testes Científicos: artigo altamente elucidativo, escrito por nossa convidada Tatiana Nahas em seu blog Ciência na Mídia. […]

Deixe um comentário ao post

What’s this?

You are currently reading o uso de animais na pesquisa científica at ciência na mídia.

meta