funcionário do mês: Bernardo Beiguelman
Outubro 18, 2010 § 2 comentários
Nossa personalidade do mês saiu com um pouco de atraso, mas chegou! Afinal, apesar da correria que tem me impedido de atualizar este blog com a frequência que gostaria, não poderia deixar passar em branco a partida de um cientista que aprendi a admirar muito.
Meu primeiro contato com Bernardo Beiguelman foi por meio de seu livro de bioestatística, no início de minha graduação, quando eu nem suspeitava ser ele um dos grandes nomes da genética brasileira. Mais tarde, procurando dar um rumo mais científico à minha curiosidade sobre a biologia dos gêmeos, esbarrei novamente com ele, agora em outro livro – O estudo de gêmeos.
Foi somente em 2002 que o conheci pessoalmente. Neste então, eu conduzia, juntamente com a antropóloga Lara Deppe, um conjunto de programas de divulgação científica em parceria com a TVUSP. Bernardo Beiguelman nos recebeu em sua sala no Instituto de Ciências Biomédicas da USP e, por mais de 3 horas, nos brindou com uma deliciosa entrevista sobre sua carreira acadêmica, sobre o processo de implementação da área de genética médica no Brasil, da qual foi pioneiro, sobre eugenia e perspectivas da genética e tantos temas mais. Sua lucidez, perspicácia e bom humor eram fascinantes!
Um par de anos mais tarde, quando ele se engajou no que denominou de um movimento antropofágico na ciência (prometo em breve incluir neste parênteses o link para um manuscrito do Prof. Beigueilman sobre este movimento, assim que arrumar um tempinho para escanear as páginas), reencontrei-o para nova entrevista. Vinha acompanhado da mesma simpatia que me cativara, mesmo recém saído de uma seção de diálise. E de novo contou como fundou na Unicamp, na década de 1960, o primeiro departamento de Genética Médica do Brasil, do qual se tornou professor emérito em 2004.
Foi com grande pesar que li as notas de falecimento do prof. Beiguelman dia 5 último. Também aí mais uma agradável surpresa sobre essa personalidade ímpar: em meio às listas de prêmios que recebeu (como a Ordem do Mérito Científico) e de instituições científicas em que atuou (como o período em que foi consultor da Organização Mundial de Saúde), aparece a informação de que foi também violinista! Segundo nota publicada no Estadão em 10/10 (não consegui achar na versão online…), Bernardo Beiguelman tinha apenas 8 anos quando se apresentou no Teatro Municipal de São Paulo. Apesar de executar qualquer música “de ouvido”, tocava somente para familiares e amigos. Sua dedicação era praticamente integral à genética, desde que se formou em História Natural na Universidade de São Paulo.
Para mais informações sobre a vida e obra deste formidável geneticista, sugiro os seguintes links (além dos supra apresentados):
- seu CV Lattes;
- livros de sua autoria O estudo de gêmeos, A interpretação genética da variabilidade humana e Genética de populações humanas;
- entrevista concedida à revista Com Ciência;
- artigo seu sobre genética, ética e regulamentação estatal;
- artigo seu sobre clonagem publicado na revista ComCiência.
Atualização em 01/11/2010:
- artigo de sua autoria publicado na revista Genetics and Molecular Biology (em inglês): Genética Médica e Humana no Brasil;
- capítulo sobre História da Genética Humana no Brasil, escrito por Bernardo Beiguelman, no livro História das Ciências no Brasil, coordenado por Mário Guimarães Ferri e Shozo Motoyama.
[Veja aqui as colunas anteriores sobre a vida e trabalho de outros importantes cientistas.]
Como é bom conhecer mais sobre pessoas ilustres como ele!
[…] que vai aqui é produto do garimpo da jornalista Tatiana Nahas. Foi ela quem publicou a pérola em seu blog. […]