o tempo na vida

O Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da USP, capitaneado pelo Prof. Menna-Barreto, vem desenvolvendo um projeto muito bacana de feira de ciências. O tempo na vida difunde os conceitos da Cronobiologia para que professores possam introduzi-los no currículo escolar. A iniciativa é bastante interessante, posto que a Cronobiologia – “que propõe uma leitura da organização dos seres vivos sob uma dimensão temporal” –  tem um corpo de conhecimentos bem estruturado desde a segunda metade do século passado, mas ainda não ganhou espaço nos livros didáticos e dos currículos escolares em geral.

O vídeo abaixo traz a fala do Prof. Menna-Barreto explicando um pouco do funcionamento do projeto entremeada com cenas da animação interativa Família Dias, desenvolvida pelo grupo. Na animação, o espectador pode selecionar um membro da família para acompanhar suas atividades diárias, dissecando seu ritmo dentro do ciclo vigília-sono.

O projeto ainda cuidou da elaboração de uma apostila e mapas conceituais específicos para cada segmento de ensino, tudo disponibilizado para download. Ótima dica para os professores de ciências, biologia e curiosos em geral fornecida Felipe Beijamini, que também trabalha na área de Cronobiologia e comanda o excelente blog Sonhos do Neuro.

Para saber um pouco mais sobre Cronobiologia e como são feitas pesquisas na área, não deixe de ler essa entrevista com a Verônica Valentinuzzi, cronobióloga de primeira com quem tive o prazer de trabalhar durante a pós-graduação!

potências de 10

Anteontem conheci a Casa da Imagem, integrante do Museu da Cidade aqui de Sampa, e fui agradavelmente surpreendida pela exposição Potências de 10. Trata-se de um trabalho do artista Marcelo Moscheta a partir do documentário Powers of Ten (1977) de Ray e Charles Eames.

O documentário é um passeio por diferentes magnitudes: a cada 10 segundos de filme aumentamos ou reduzimos 10 vezes a escala de observação de forma a ir das fronteiras de nossa galáxia até o próton de um átomo de carbono de uma molécula de DNA de um glóbulo branco humano. Veja você mesmo:

O artista se inspirou neste documentário para produzir um ensaio sobre a relatividade das escalas do universo em frações de 10. As imagens, montadas como pranchas de ilustração científica, estão dispostas num impresso em formato tabloide que é fornecido aos visitantes. Um belo material para trabalho com escalas e ótimo ponto de partida para trabalho multidisciplinar envolvendo matemática, geografia, biologia, física e fotografia!

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Aproveitando o tema, há uma ferramenta fantástica para visualização de diferentes objetos em diferentes escalas elaborado pela Universidade de Utah: Cell size and scale. O prof. Carlos Hotta, do IQ-USP, escreveu sobre a ferramenta e traduziu para o português cada objeto nela utilizado.

Outros links com ótimas ferramentas para visualização de objetos em diferentes escalas:

• A escala do Universo (já em português);
• Zooming into DNA (em inglês).

sua ideia/aula num vídeo científico! (parte 1)

Quem já teve a oportunidade de assistir a alguma TED Talk sabe o quão interessante praticamente qualquer assunto pode se tornar. E tudo num tempo agradável para manter a atenção do espectador, em torno de 20 minutos. Muito bacana também são as TED-Eds, vídeos ainda mais curtos que explicam didaticamente, geralmente por meio de ótimas animações, algum assunto – do início do Universo a Mendel e suas ervilhas, da fotossíntese ao interior do cérebro humano, da radioatividade às propriedades dos gases.

Já com uma ampla galeria de vídeos, a TED-Ed quer expandi-la e, para isso, conta com suas ideias. Sugira um tópico! Que tal aquele que você, professor, gostaria de ensinar em aula de um jeito um pouco diferente? Ou então alguma curiosidade científica (ou histórica, ou política…) que você, aluno ou não, gostaria de ver contemplada? Veja com submeter sua ideia aqui.

2013 é ano científico no Brasil!

Minha última coluna na Revista Quanta que está nas bancas é sobre o Fórum Mundial de Ciência, que esta ano ocorrerá aqui no Brasil, e sobre os eventos preparatórios que vêm ocorrendo em diversas cidades.

Clique na imagem para acessar o texto em tamanho maior:

Links:

• página oficial do World Science Forum com documentos dos encontros anteriores realizados em Budapeste;
• página oficial dos encontros preparatórios para o evento de 2013, com relatórios dos encontros já realizados e agenda para os próximos;
• slides do encontro preparatório realizado em São Paulo + artigos correlatos.

a estrutura curricular é o maior problema do ensino médio?

Revisando as matérias para a oitava edição da Revista Quanta, em fase de finalização, lembrei que ainda não havia postado minha coluna da edição no. 7, que está nas bancas. Em semana de realização do Enem e divulgação de seus resultados, a coluna acaba ficando bem contextualizada, já que dessa vez abordei a ideia de reformulação do ensino médio inspirada no Enem, lançada quando da divulgação dos acanhados resultados do Ideb. Minha bronca principal é com a ênfase na reforma curricular, como se esse fosse o grande problema do nosso ensino médio. Entre outros questionamentos, aponto na coluna que o fato de termos 38% dos estudantes de graduação como analfabetos funcionais (são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações) é problema que se deva tratar de forma mais premente.

Abaixo segue a coluna (clique na imagem para ter acesso à leitura em tamanho maior):

Os links indicados na revista são os seguintes:

• Carta que a Sociedade Brasileira de Física enviou ao ministro Mercadante;
• Carta que a Sociedade Brasileira de Química enviou ao ministro Mercadante;
• Resultados do Ideb.

Outras fontes que podem ajudar a ampliar essa discussão:

• As matérias do ensino médio devem ser reorganizadas em núcleos? –  duas opiniões divergentes na Folha de São Paulo sobre as propostas de reforma do currículo do ensino médio;
• Preparar os alunos para o ingresso na universidade? Capacitar para o mercado de trabalho? Garantir uma formação geral, com ênfase na cidadania? – opiniões publicadas no suplemento da Ciência Hoje sobre a vocação dessa etapa da educação em um país como Brasil;
• Artigo independente enviado ao Jornal da Ciência com algumas considerações sobre a mudança da base curricular para o ensino médio proposta pelo MEC que concorda bastante com o que apontei na coluna e traz bons complementos e links;
• Sempre é bom monitorar: mapa do analfabetismo no Brasil a partir dos resultados do Censo 2010.

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Em tempo: na última edição lançada da Quanta, há uma entrevista muito bacana com o neurocientista Stanislas Dehaene, que explica como a capacidade leitora se desenvolve no cérebro. Vale a leitura!